Slow food: o que é e como fazer parte desse movimento?

Descubra o movimento que surgiu em oposição ao fast food e propõe uma alimentação mais justa, limpa e saudável e que respeita o meio ambiente e a saúde humana. Conheça mais sobre o que é o slow food!

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Slow food

O slow food – oposto à ideia de "fast food" – é um movimento que busca resgatar a responsabilidade alimentar, resistindo à padronização dos sabores e compartilhando a ideia de que a degustação é tão importante quanto a aquisição e preparação dos alimentos.

Com o estilo de vida acelerado da modernidade, a alimentação muitas vezes é deixada em segundo plano e as pessoas que procuram por alternativas práticas e rápidas escolhem opções que não são saudáveis.

Essas práticas vêm trazendo consequências negativas tanto para o meio ambiente quanto para a saúde de cada um, causando o aumento de doenças crônicas relacionadas ao estilo de vida alimentar. Daí a defesa de um consumo mais tranquilo.

Para entender um pouco mais sobre a importância do conceito de comer devagar e como você pode fazer parte dele, continue lendo este artigo para ficar por dentro de todas as informações importantes!

O que é slow food?

Criado na Itália na década de 80 e como uma sociedade sem fins lucrativos, o slow food é um projeto que, hoje, se espalhou pelo mundo e vem tentando criar uma consciência coletiva a respeito do consumo responsável de alimentos.

Ele tem como base o incentivo a ações que relacionam a comida com o meio ambiente e a saúde.

O consumo "slow" é pensado desde a aquisição dos ingredientes até a hora de comer, passando pela forma de produção e considerando os impactos que tudo pode causar ao planeta, à economia e à sociedade.

Uma alimentação saudável e adequada é um direito de todos e vai muito além de apenas nutrir o corpo, já que está envolvida na criação de memórias afetivas, relações sociais, políticas e econômicas e faz parte da cultura de gerações.

Por isso, o projeto traz responsabilidade pelos atos alimentares – afinal, se você consome, é porque concorda com a forma que é produzido – através de princípios e ações que incentivam o consumidor a saber o que está por trás do alimento que é servido.

O movimento Slow Food é fortemente influenciado por três importantes princípios – apresentados logo abaixo – que coordenam suas ações e projetos. Eles são chamados de manifesto slow food e disseminam o conceito de uma alimentação boa, limpa e justa.

Manifesto slow food: alimento bom, limpo e justo!

O lema da associação criadora do conceito é buscar uma alimentação de qualidade que engloba o meio ambiente e um estilo de vida saudável através da ecogastronomia, promovendo a ligação entre o alimento e a saúde.

A ecogastronomia defende a preservação da biodiversidade e dos recursos naturais e prega que a escolha de ingredientes de qualidade deve respeitar o meio ambiente e quem produz os alimentos.

Para o slow food, um alimento precisa ser bom do ponto de vista nutricional, de qualidade – ao oferecer sabor e os nutrientes indispensáveis para a saúde – e pertencer à cultura de quem os consome, além de proporcionar um significado à alimentação.

Os alimentos limpos se referem a uma produção sustentável que não explora os recursos naturais, com uma agricultura menos invasiva e que não cause prejuízos a longo prazo, respeitando as safras de cada fruta e vegetal e o tempo de crescimento normal dos animais.

Também é necessário que a comida colocada no prato tenha sido adquirida através de um pagamento justo aos produtores e cultivada, colhida e comercializada em condições dignas de trabalho e livre de exploração animal e humana.

Ao mesmo tempo, deve ser cobrado um preço justo aos consumidores que pagam por ela.

Qual é o objetivo do movimento slow food?

Além de alertar sobre a responsabilidade de uma alimentação mais consciente e transformar a relação com a comida, o maior objetivo do movimento é oferecer benefícios ao planeta e à saúde do ser humano através de alguns propósitos.

Ficou curioso(a)? Listamos todos eles abaixo!

  • Defender a cultura culinária e as tradições locais.
  • Proteger e valorizar a biodiversidade através de uma agricultura sustentável.
  • Promover diversidade alimentar.
  • Lutar contra a produção padronizada em larga escala e o desperdício.
  • Incentivar pequenas produções e a agricultura familiar.
  • Estimular mudanças de comportamento através da educação para o consumo responsável.

O slow food tem como intenção lembrar as pessoas de que a alimentação é mais do que apenas uma obrigação para o funcionamento do corpo, além de buscar sempre trazer benefícios tanto para os produtores de alimentos quanto para os consumidores.

Quais são os benefícios do slow food?

Os benefícios do slow food incluem uma alimentação mais saudável, sem o uso de aditivos químicos e ultraprocessados desbalanceados do ponto de vista nutricional, o aumento da qualidade de vida e o aguçar dos sentidos, gerando mais prazer na alimentação.

Ao incentivar a agricultura familiar, através de eventos, projetos e feiras, esse movimento estimula o desenvolvimento de regiões mais pobres que vivem do plantio, da colheita ou de pequenos negócios, valorizando a origem e a produção dos alimentos e fazendo girar a economia local.

Tudo isso é bem diferente do conceito de fast food, que consiste em franquias padronizadas em todo o mundo pertencentes a grandes nomes da indústria alimentícia, gerando lucro apenas para uma pequena parcela da população e aumentando a desigualdade.

Fast food x slow food: entenda as diferenças

A principal diferença é o modelo de alimentação, o estilo de vida e a filosofia que cada um segue. Enquanto o fast food é uma opção rápida, padronizada e prática, o slow food quer resgatar o prazer de saborear o alimento com calma e responsabilidade.

O intuito de um movimento de consumo como esse, mais devagar e tranquilo, é lutar contra a padronização das refeições e diminuir as etapas de produção e industrialização dos alimentos ao trazer ingredientes mais naturais que respeitem o tempo necessário de amadurecimento ou crescimento para serem consumidos.

Esses princípios são uma verdadeira contradição ao fast food, no qual o nível de processamento dos alimentos não é uma preocupação, e o movimento surgiu justamente para servir como oposição a esse sistema e está, inclusive, relacionado com a história do McDonald's.

Onde e como surgiu o movimento slow food?

Criado em 1986 por um jornalista italiano chamado Carlo Petrini, a intenção inicial do slow food era criticar o estilo de vida capitalista, em que tudo precisa ser rápido e prático e demandar de uma produtividade excessiva, tanto no trabalho quanto no consumo.

A ideia teve início depois de uma manifestação na Piazza di Spagna, em Roma, contra a construção do primeiro McDonald’s do país. A forma de protesto foi bem curiosa, já que os manifestantes ofereciam uma porção de macarrão às pessoas que passavam por ali.

Aos poucos, essa faísca lançada em Roma foi se espalhando por diversos países – inicialmente europeus – e, hoje, tem até escritórios na Alemanha, Suíça, EUA, Japão, França e Reino Unido.

Em 2004, a Food and Agriculture Organization (FAO) reconheceu o movimento como uma associação sem fins lucrativos com sede na cidade de Bra, na Itália, e parte de uma rede de aproximadamente 150 países, incluindo o Brasil, com mais de 100 mil pessoas envolvidas.

Existe slow food no Brasil?

A associação é composta por pequenos núcleos locais ao redor do mundo, inclusive em diversos estados brasileiros, que espalham a filosofia e os princípios do slow food através de projetos, eventos educacionais e feiras.

Especificamente a Associação Slow Food do Brasil (ASFB), criada em 2013, atua com autonomia de decisão e é responsável pela ligação do país com os representantes internacionais e por organizar essas pequenas redes locais.

Juntas, as mais de 65 comunidades brasileiras engajadas na causa buscam criar alianças com entidades que tenham a mesma filosofia, como o Movimento dos Pequenos Agricultores, e promover oficinas para proporcionar a responsabilidade alimentar.

Ah! E para você saber, alguns dos principais eventos que aconteceram por aqui foram o Terra Madre Brasil, um encontro das redes locais para discutir pautas importantes, e projetos como o Slow Indica, que promove a agricultura familiar baiana. Legal, né?

Além do site, o Instagram da associação no Brasil está sempre atualizado com mais informações sobre os eventos que estão acontecendo e ainda vão acontecer e como participar!

Como abrir um restaurante slow food?

Para fazer parte do movimento com seu food service, basta se cadastrar no site. Lá, é possível até criar uma comunidade para espalhar os ideais da causa!

Mas, fique atento(a): quem quer ter um restaurante com uma proposta oposta a dos fast foods precisa se preocupar em diminuir a quantidade de processos pelos quais o alimento precisa passar até ficar pronto e em aproximar os consumidores do preparo das refeições.

Para começar, que tal seguir um passo a passo simples?

  1. Escolha bem os fornecedores, comprando diretamente de pequenos produtores locais.
  2. Ofereça refeições pertencentes à cultura regional com ingredientes saudáveis e frescos, preparados sem exploração humana ou animal.

Os pratos do slow food não são mais elaborados ou diferentes dos de outros restaurantes, mas precisam ser feitos com alimentos de qualidade, através de processos da gastronomia sustentável, e resgatar o prazer de se alimentar, melhor ainda se tudo isso acontecer em boa companhia.

Promover um local agradável para que os clientes possam realizar as refeições em paz e compartilhar esse momento com amigos ou familiares, assim como engajar toda a equipe a entender a filosofia de fato são atitudes que fazem a diferença!

As vantagens para o estabelecimento vão desde oferecer um diferencial até trazer mais sazonalidade aos pratos ao usar ingredientes da época e promover o equilíbrio da biodiversidade.

Tudo isso ao mesmo tempo que o seu negócio proporciona uma experiência gastronômica inesquecível ao consumidor!

Vamos concordar que um prato feito com ingredientes frescos é ainda mais gostoso, né? E saber que todo o seu processo de produção foi respeitoso com o planeta e com os trabalhadores envolvidos em cada etapa é ainda melhor.

A preocupação com o meio ambiente vai além dos alimentos, ela busca um equilíbrio entre a alimentação, o planeta e o bem-estar humano e animal, se tornando uma causa justa que vale a pena ser colocada em prática e fazer a diferença!

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